Cerimónia de Entrega de Prémios
“CONCURSO LITERÁRIO 2024”
Palácio de São Lourenço, Funchal
Junho de 2024
Intervenção do Representante da República para a Região Autónoma da Madeira
Juntamo-nos hoje para mais uma cerimónia de atribuição dos prémios do Concurso Literário “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
Digo mais uma para chamar a atenção para o facto de, quando começámos esta iniciativa, alguns dos concorrentes desta edição estarem ainda a aprender as primeiras letras. Já se trata, portanto, de uma tradição. De uma tradição que, procurando distinguir jovens, não serve para alimentar saudosismos, mas sim que se vira para o futuro, como convém a qualquer sociedade saudável.
A atribuição deste prémio é uma das nossas formas de assinalar e comemorar o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
Através da língua portuguesa, de que Camões é um símbolo maior, afirma-se Portugal um pouco por todo o mundo, com um especial fervor nas Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Globo.
Como sabem, comemoram-se este ano os 500 anos do nascimento de Camões. Por isso, o nosso concurso literário adquire este ano um especial simbolismo, porquanto não haverá melhor forma de celebrar um poeta do que a sua leitura, estudo e inspiração.
A nossa língua é uma riqueza que, com mais ou menos sotaques, partilhamos com 280 milhões de pessoas, sendo a quinta língua mais falada do mundo.
É este nosso idioma que os alunos foram, mais uma vez, incentivados a exercitar, com imaginação e criatividade. Este prémio existe para vós, alunas e alunos, e sem o vosso empenho o mesmo não poderia existir.
Agradeço, portanto, a todos os que apresentaram os seus trabalhos a concurso. Posso desde já dizer que o trabalho do júri não foi fácil.
Caras e Caros Alunos,
Como sabem, celebramos há pouco os 50 anos do 25 de Abril. São cinco décadas de vida em liberdade, que já ultrapassam os 48 anos de ditadura vividos no nosso País.
Não pretendo tornar esta cerimónia numa aula de História, mas, até pelas razões que aqui vos trazem, lembremo-nos que em 1974 a taxa de analfabetismo era de 25%. Ou seja, um quarto dos adultos, com particular incidência nas mulheres, não sabia ler nem escrever. Das que sabiam ler, muito poucas tinham o privilégio de estudar para além do patamar elementar do primeiro ciclo (escola primária, como se designava na altura).
A generalização do ensino é, não hesito em dizê-lo, uma das maiores conquistas da nossa democracia.
E, entre todas as aprendizagens realizadas, a leitura e a escrita são verdadeiramente superpoderes. Dão-nos a faculdade de compreender o Mundo, através da formação holística e da criatividade.
Ler permite-nos viajar, conhecer outros mundos. Mundos reais ou imaginados, personagens com um fundo de realidade ou fruto do engenho dos autores. Mas sempre, de cada página de um livro no qual mergulhamos, saímos um pouco mais ricos.
É também a leitura que nos permite aceder à informação, saber o que verdadeiramente se passa à nossa volta. Num mundo em que notícias falsas (fake news) circulam quase à velocidade da luz, só o poder da leitura pode ajudar a combater a desinformação. E como é importante o sentido crítico na sociedade complexa na qual vivemos.
A escrita é o exercício da criatividade, a expressão de sentimentos e mundividências, uma marca que deixamos e oferecemos.
Nem todos possuímos essa faculdade de dominarmos a nossa língua e transmitirmos a nossa mensagem de modo crítico, criativo, afirmando uma forma própria de interpretar o mundo, mobilizando o nosso conhecimento e a nossa poeticidade para a escrita. Quem a possui, como é o vosso caso, deve potenciá-la e valorizá-la.
Caras e Caros Alunos,
Vós sois a razão de aqui estarmos, mas permitam-me que dirija algumas palavras aos vossos professores. Afinal, foi com eles que aprenderam.
Senhoras e Senhores Professores,
Conheço bem de perto a vossa profissão. É, certamente, uma das mais belas do Mundo. Todos nós que aqui estamos somos, em parte, um produto dos professores que tivemos.
Como disse, este prémio tem os olhos no futuro.
Os desafios que se colocam a um professor do século XXI são de vária ordem. A Escola dos nossos dias já não se pode limitar a ser um espaço onde se vai aprender a ler e a escrever. Por mais que a aquisição de tais capacidades seja importante – como agora já sabem, entendo que ler e escrever são superpoderes –, a escola contemporânea tem de ir mais além.
A escola dos nossos dias é um ‘radar’ social e um instrumento para a inclusão. E também uma via segura para a melhoria das condições de trabalho e de vida, incutindo o gosto pela aprendizagem e acolhendo a diversidade como um motor de mudança e integração.
Pelo que os professores, os derradeiros responsáveis pela escola, merecem o reconhecimento da nossa comunidade. Já noutras ocasiões tenho vindo a usar esta palavra – comunidade – porque verdadeiramente a sinto.
Individualmente – ou fechados no nosso pequeno grupo – valemos de pouco. Em conjunto, em comunidade, somos muito mais fortes.
E o prestígio de ser professor é um ativo que não se pode depreciar.
Aliás, diria que as famílias devem estar particularmente interessadas em valorizar a missão dos professores, em reconhecer o papel que eles desempenham na vida das nossas crianças e jovens. Em síntese, respeitar os professores é apoiar os alunos!
Atravessamos um período histórico crítico – pensemos nos que sofrem com os conflitos da Ucrânia e de Gaza –, em que vivemos sob o signo da divisão.
Saibamos, nas escolas, lutar contra esta realidade construindo todos – alunos, professores, funcionários, famílias e responsáveis institucionais – a tal comunidade que referi.
Antes de anunciar os premiados, devo agradecer a todos os que constroem este concurso.
Começo por agradecer ao júri, composto por Dra. Irene Lucília, Prof. Lídio Araújo e Dra. Anabela Pita.
Agradeço a Sua Excelência o Secretário Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, Dr. Jorge Carvalho e a todas as pessoas do Governo Regional que nos ajudaram neste processo.
Obrigado, ainda, aos membros do meu Gabinete por continuarem a acarinhar este nosso trabalho anual.
Finalmente, agradeço especialmente à minha mulher, a professora Carla Ferreira Barreto. Este prémio é, na verdade, fruto de uma sua ideia. Sem o seu ímpeto não teríamos começado com esta aventura que já leva mais de uma década.
Muito obrigado a todos.
Caras e Caros Alunos,
Agradeço o vosso empenho ao concorrerem a este prémio. Ao participar, todos saem mais enriquecidos. Esta é uma experiência que já ninguém vos pode retirar. Resta-me só anunciar os premiados, a quem dou os meus parabéns. São eles:
Menção Honrosa – Mateus Paulo Spínola Gouveia, aluno do 9º Ano daEscola Básica com Pré-Escolar Bartolomeu Perestrelo.
3.º Prémio – Maria Eduarda Mendes Teixeira, aluna do 11º Ano da Escola Básica e Secundária Bispo Dom Manuel Ferreira Cabral.
2.º Prémio – Constança de Olival Pereira, aluna do 9º Ano do Colégio de Santa Teresinha
E finalmente, o primeiro prémio é atribuído a:
1.º Prémio – Maria Inês Martins Silva, aluna do 12º Ano daEscola Secundária Francisco Franco
Parabéns pelo vosso trabalho e pelo vosso prémio!