Intervenção por ocasião das comemorações da Zona Militar da Madeira

ALOCUÇÃO DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA POR OCASIÃO DAS COMEMORAÇÕES DO DIA DA ZONA MILITAR DA MADEIRA 

 

Permita-me, Senhor Chefe de Estado Maior do Exército, que comece por dizer do muito gosto e honra que sinto em estar aqui, neste momento tão simbólico para a Zona Militar da Madeira.

Que não é, nem deve ser, apenas mais um momento de Aniversário, que celebramos por rotina, mas sim um tempo e um espaço para olharmos, com orgulho, para os nossos militares, as nossas Forças Armadas e, muito em particular, o nosso Exército.

E que, da minha parte, nestas breves palavras que vos dirijo, quero usar para manifestar o meu reconhecimento e a minha gratidão.

Reconhecer e agradecer, antes de mais, o papel das nossas Forças Armadas.

Como tenho dito, em múltiplas ocasiões, as nossas Forças Armadas têm neste território uma importância particular e acrescida, prestando um inestimável e insubstituível serviço às populações.

Como a presença de V.Exa., Senhor Chefe de Estado-Maior, bem evidencia, a hierarquia das Forças Armadas, nos seus três ramos, vem dedicando a esta Região Autónoma uma particular atenção, bem constatável na afetação dos recursos, na eficácia com que vêm desenvolvendo as respectivas missões nestas ilhas e, sobretudo, no apoio incondicional às populações civis em situações dramáticas que todos temos presentes.

Depois, agradecer toda a ação do Exército português na Região, em particular deste Regimento de Guarnição nº 3 onde nos encontramos.

Que é uma acção que tem ido muito para além da normal Missão Militar.

Todos testemunhámos, em especial nos últimos anos - desde a aluvião de 2010 à crise pandémica, passando pelos incêndios de 2016 - o esforço do Exército para, por vezes com risco da integridade física das suas mulheres e homens, salvar vidas e bens.

É, também, a força militar ao serviço da solidariedade social, o poder armado do Estado que estende a mão à comunidade, ajudando os mais fracos e vulneráveis em momentos de tragédia.

E essa é uma forma também nobre da Instituição militar cumprir a sua Missão patriótica.

Afirme-se que a essência da Instituição Militar é a disponibilidade para, com disciplina, dedicação, profissionalismo, nobreza e sacrifício, cumprir as missões que a nível interno e externo lhe são confiadas.

E as nossas Forças Armadas têm desempenhado um papel decisivo na defesa da paz e dos valores inerentes a um Estado de direito democrático.

Neste contexto, 40 militares nascidos nesta Região integram a força que está a ser deslocada para a Roménia, no âmbito da estratégia da NATO para reagir à bárbara agressão da Ucrânia pela Federação Russa e que foram aprontados essencialmente neste Regimento.

Comemora-se este Dia justamente num momento em que parte desta força já está na Roménia, e os restantes elementos se lhe vão juntar em breve no teatro de operações, depois de terem participado no maior exercício nacional do Exército português, que aconteceu recentemente no Campo Militar de Santa Margarida.

Quero também dizer a estes militares a admiração e orgulho que temos de todos eles.

Desde a década de noventa do século passado, as Forças Armadas têm vindo a intervir um pouco por todo o Mundo onde a segurança e os interesses de Portugal o exigem, por compromissos decorrentes de alianças ou de pertença a organizações internacionais, na defesa de valores universais, como os direitos humanos e a dignidade da pessoa.

Em todas essas circunstâncias, algumas de risco significativo, sempre os militares portugueses souberam responder com exemplar conduta.

Estamos todos conscientes das dificuldades que esperam estes nossos conterrâneos na Roménia, às portas dessa Ucrânia martirizada, e a coragem e sacrifício que será necessário para enfrentar eventuais riscos diários, tantas vezes desconhecidos, num ambiente de tensão permanente, acrescido da saudade da família e dos amigos.

Mas irão enfrentar esses riscos, tenho a certeza, com a força da convicção daquilo que a Madeira e Portugal esperam deles.

Com efeito, a sua missão está subordinada aos valores da Paz, da Liberdade, da Democracia e do respeito do Direito e da Ordem Internacional, e assenta num código moral, na competência técnica e no profissionalismo que são apanágio das nossas Forças Armadas.

As suas qualidades humanas e profissionais e o grau de preparação que lhes foi assegurado, deixam-me tranquilo quanto à sua capacidade de resposta face às dificuldades que a missão comporta.

Partem com a certeza de que a família, a Região e a Repúbica estão com eles, aguardando com esperança o dia do regresso com a satisfação do dever cumprido.

E estou certo de que deixarão em cada uma das pessoas com quem contactarem aquela semente de humanidade e solidariedade que é a marca das intervenções das nossas Forças Armadas pelo Mundo.

Minhas senhoras e meus senhores,

Termino, felicitando a Zona Militar da Madeira e todos os seus militares pela passagem deste Dia.

Desejo-vos as maiores felicidades.

Vivam as Forças Armadas e o Exército Português.

Viva a Região Autónoma da Madeira.

Viva Portugal.

Funchal, 18 de maio de 2023