Alocução na cerimonia de rendição do cargo de Comandante Operacional da Madeira, a 18 de janeiro de 2022

ALOCUÇÃO DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA NA CERIMÓNIA DE RENDIÇÃO DO CARGO DE COMANDANTE OPERACIONAL DA MADEIRA, NO DIA 18 DE JANEIRO DE 2022

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Se este é o momento para saudar quem agora conclui a sua Missão, e vai abraçar novos desafios, e para desejar felicidades a quem, a partir de agora, assume esta importante responsabilidade de ser o Comandante Operacional nesta Região, também é uma oportunidade para olhar para diante, perspetivando o papel que as Forças Armadas terão no futuro, as suas novas e desafiantes missões, e o estreitar da relação com a Comunidade, em Portugal e, em especial, nesta Região Autónoma da Madeira.

Mas, antes de mais, é imperioso destacar o papel desempenhado pelas Forças Armadas, prestando um inestimável e reconhecido serviço às populações.

Todos testemunhámos, em especial nos últimos anos, o esforço das Forças Armadas, por vezes com risco da integridade física das suas mulheres e homens, para salvar vidas e bens.

Recordamos o 20 de fevereiro de 2010 e a forma como foram acolhidas, tranquilizadas, tratadas e alimentadas centenas de pessoas que no RG3 procuraram um porto seguro, nele permanecendo até à reposição das condições mínimas de vida e segurança.

Recordamos os incêndios de 2016, o apoio das Forças Armadas nas operações de combate ao fogo e, do novo, o acolhimento que tantas famílias em desespero tiveram no RG3.

E temos bem presente a disponibilidade de meios das Forças Armadas na atual situação pandémica, empenhando-se de forma inexcedível na resolução das inúmeras dificuldades que foram surgindo e assegurando também o transporte aéreo de equipamentos médicos e vacinas.

Como encarregado de executar as medidas decretadas no auge da crise, durante os sucessivos estados de emergência, posso assegurar que as Forças Armadas demonstraram uma enorme determinação e coragem para cumprir com brilho as missões que lhes foram então confiadas.

E, no nosso dia a dia, sentimos que a presença das Forças Armadas contribui para uma maior qualidade da nossa autonomia, na diversidade da sua atividade, seja na vigilância nas nossas ilhas e na Zona económica exclusiva, em missões de busca e salvamento, no transporte de doentes em situação de risco entre o Porto Santo e a Madeira e entre esta e o Continente, contribuindo para a concretização do princípio da continuidade territorial e minimizando a situação decorrente da nossa condição arquipelágica.

Esta solidariedade das Forças Armadas para com as populações é algo inscrito no seu código genético, que as caracteriza enquanto instituição militar.

E, pelo cumprimento exemplar das suas funções, tornaram-se credoras, junto da nossa população, de enorme confiança, apreço e gratidão, aumentados e reforçados ao longo dos anos.

Mas as circunstâncias dos tempos exigirão ainda mais das nossas Forças Armadas.

Perante o aumento de frequência e intensidade de catástrofes naturais, ligadas nomeadamente às alterações climáticas, o papel dos militares redefine-se e amplia-se.

Além de serem o garante da defesa da Pátria e da soberania nacional, papel sempre primacial e mais agora perante as inquietações que assolam a Europa e o Mundo, as nossas Forças Armadas são e serão chamadas a empenhar esforços e recursos no âmbito de missões de proteção civil.

Este desafio tem certamente implicações ao nível organizativo permanente, numa evolução que tem sido prosseguida no Comando Operacional da Madeira de modo exemplar.

E a orientação superior de Vossa Excelência, senhor CEMGFA, que sempre tem dedicado à Região uma atenção permanente, - recordo o que foi feito nas Selvagens, mas não só -, merece da parte do Representante da República um profundo e sincero agradecimento.

É imperioso que, nesta ocasião, dirija uma saudação particular ao Comandante cessante, Vice-Almirante Dores Aresta.

Todos o sabemos, iniciou a sua Missão em circunstâncias particularmente delicadas e difíceis.

Mas soube, ao longo do período do seu comando, granjear o apreço, a admiração e o reconhecimento de todas as instituições da nossa terra, tanto militares como civis.

Pude, durante todo este período, apreciar a sua atuação profissional rigorosa, e, sobretudo, o modo equilibrado e com raro bom senso como conseguiu, tantas vezes sob intensa pressão, que as Forças Armadas cumprissem a sua Missão, com as exigências acrescidas de um tempo de emergência sanitária.

Agradeço tudo o que fez pela nossa comunidade, desejo ao Homem de quem fiquei amigo o maior sucesso no novo desafio para o qual foi chamado.

E quero também apresentar, ao Major-General Piloto Aviador António Carlos Temporão, os meus votos de felicidades na sua Missão, assegurando-lhe que pode contar com todo o meu apoio institucional.

Tenho a certeza que aqui encontrará a mesma realização profissional e pessoal que os seus antecessores.