MENSAGEM PROFERIDA PELO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA POR OCASIÃO DA CERIMÓNIA DE ENTREGA DE PRÉMIOS DO CONCURSO LITERÁRIO “DIA DE CAMÕES DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS”, NO DIA 3 de JUNHO de 2017
Encontramo-nos aqui hoje reunidos para cumprir o que é já uma verdadeira tradição, bem conhecida em especial da comunidade escolar madeirense – digo-o com a maior satisfação.
Com esta cerimónia, damos início, aqui na Região Autónoma da Madeira, às comemorações do dia 10 de junho, “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
E que melhor forma haveria para começá-las do que dando a palavra e o lugar central às nossas camadas mais jovens?
Associar as novas gerações ao 10 de junho, que é uma data da cidadania, é mostrar a nossa confiança no porvir, e em particular naqueles que serão os seus principais construtores.
Nada é mais tocante do que contemplar um texto produzido por um jovem, ou por uma jovem, que, utilizando os cânones que todos conhecemos e já interiorizámos, nos fala de algo novo.
E para a família e os seus professores nada será mais reconfortante do que descobrir originalidade, arrojo e objetivo, pela inspiração dos que viram crescer e formarem-se diante dos vossos olhos.
Minhas senhoras e meus senhores,
Estimados alunos,
Os textos apresentados a este concurso são uma mostra de talentos vários.
Alguns se destacaram, e por isso são premiados. Mas o aspeto da competição não é o mais importante: é apenas um tónico, uma motivação adicional para o que mais importa.
E o que mais importa é o trabalho. Porque o talento dá muito trabalho.
Uma obra brilhante é muito mais do que uma ideia genial; é, sim, o resultado de um intenso labor sobre uma ideia que, por muito extraordinária que fosse, nada seria sem a determinação de concretizá-la.
O mais importante é, por isso, ousar e persistir. Colocar o esforço ao serviço da nossa imaginação e ambição. Porque, no final, crescemos sempre alguma coisa nesse processo.
Em algum momento, o nosso esforço, o nosso trabalho, será recompensado.
Repito: o talento dá muito trabalho. E também se aperfeiçoa, como tudo o resto.
Realmente, se não pusermos mãos à obra, as nossas ideias nunca darão o seu contributo para a nossa realização pessoal e, quiçá, para o progresso da nossa sociedade. Nisso poderemos correr alguns riscos, é certo: mas viver é isso mesmo, correr os riscos da nossa liberdade e da nossa criatividade.
E hoje estão todos de parabéns.
Este vosso esforço já contribuiu para o vosso crescimento interior.
Caros Estudantes, Caros Professores
Nada disto seria possível sem o comprometimento das Senhoras e Senhores Professores.
O vosso esforço e dedicação são determinantes, hoje, como todos os dias. Não fosse o incansável trabalho que realizam ao longo do ano, todos os anos, não teríamos certamente a motivação que se encontra nos trabalhos destes alunos.
Nem sempre a vossa ação é devidamente apreciada. Talvez porque a confundamos por vezes com o imediatismo das classificações escolares; talvez porque estamos pouco atentos; certamente porque a relação entre a escola e a comunidade nem sempre é a mais perfeita.
Como diz Fernando Savater, o nível de desenvolvimento de uma sociedade afere-se pelo tratamento dado aos professores. E neste domínio, muito temos ainda por fazer.
E, se tendo a concordar com George Steiner: “O verdadeiro ensino é vocação”, e igualmente “um dom”, não deixo de concluir que do reconhecimento pela nobre missão de ensinar depende em grande medida o futuro dos nossos alunos.
Senhoras Professoras, Senhores Professores, tenho a genuína admiração pelo vosso trabalho.
E, apesar de algumas nuvens negras que ensombram o vosso universo, a Região deve orgulhar-se de uma classe docente formada em instituições modernas, a par dos mais elevados patamares e com os resultados à vista: os vossos alunos a alcançarem lugares de inquestionável apreço nas várias dimensões em que se projetam.
E não podemos também, nesta ocasião, ignorar a importância da família.
A família é um elemento da “comunidade escolar” num sentido lato, e é simultaneamente o primeiro e último suporte dos nossos jovens.
No nosso tempo, são muito mais intensas que outrora – felizmente – as solicitações para que a família participe na formação escolar e complementar das crianças e jovens.
Consequentemente, as dificuldades são também outras. Os pais e outros familiares lutam constantemente para, no seu ocupado quotidiano, reservarem tempo para acompanhar os seus jovens.
Cientes da importância desse esforço, fazem muitas vezes sacrifícios que devem ser realçados.
A esses sacrifícios somam-se, tantas vezes, dificuldades económicas que também não conseguimos ainda, como sociedade, resolver satisfatoriamente.
No entanto, os resultados vão surgindo, mostrando que também neste domínio as famílias portuguesas não se resignam.
E este é um excelente símbolo de tudo o que no dia 10 de junho celebramos.
Caros Estudantes,
Estamos aqui hoje, livres, porque há cerca de 43 anos soubemos conquistar a democracia.
Ao longo da nossa história, passámos por muitos e diversos períodos de regime político. Em boa verdade, a democracia é um adquirido muito recente.
Mas há adquiridos que, embora recentes, não podem comportar retrocessos. A democracia e os direitos humanos pertencem a esse núcleo. Devemos – temos que - assumir que ambos fazem já parte da nossa identidade cultural.
Por isso, a celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é em si mesma uma celebração da democracia e dos valores dos direitos humanos.
É também esse o contexto desta cerimónia em particular: mostrar aos nossos jovens como a democracia e os valores dos direitos humanos são essenciais para o desenvolvimento do seu talento.
A democracia concedeu a todos a igualdade de oportunidades, abriu o sistema educativo a muitos que a ele não tinham acesso, modernizou o sistema de ensino, aproximou-o do dos nossos parceiros internacionais, a ponto de hoje encontramos os nossos jovens entre as referências mundiais.
Nada disto seria possível sem condições de liberdade de expressão, de pensamento, de aprender e de ensinar.
Minhas Senhoras e Meus Senhores, Caros Alunos,
A esperança no futuro é redobrada ao ver o patamar de qualidade dos trabalhos apresentados a concurso, nomeadamente os dos premiados:
1º. Prémio – Ana Margarida Figueira e Castro, aluna do 9º. Ano da Escola Básica 123/PE Bartolomeu Perestrelo;
2º. Prémio – Leonor Gomes Henriques, aluna do 9º. Ano do Colégio de Santa Teresinha;
3º. Prémio – Pedro Afonso Jesus dos Santos, aluno do 12º. Ano da Escola da APEL.
Parabéns pelo vosso trabalho e pelo vosso prémio!
A todos os estudantes aqui presentes deixo uma mensagem forte:
Sim, vale sempre a pena estudar! Costumo salientar que “saber é poder”. E se o saber da vida, da experiência, é essencial, o saber que vem do estudo é indispensável.
Nunca desistam; prossigam os vossos estudos na certeza de que isso dará frutos que de outro modo nunca obteriam.
Tomem a vossa vida nas próprias mãos: quanto mais prosseguirem nos estudos mais autónomos e livres serão!
Permitam-me, por fim, que agradeça a um conjunto de entidades sem as quais a entrega deste prémio não seria possível.
Ao júri do concurso, composto pelos Senhores Drs. Irene Lucília Andrade, que presidiu, Agostinho Lídio Araújo e Anabela Nóbrega Coelho Abreu Pita, que, de uma forma abnegada e generosa, aceitaram ler os trabalhos apresentados e escolher os vencedores deste prémio.
A todas as individualidades do Governo Regional que connosco colaboraram, o meu sincero obrigado; em especial, ao Senhor Dr. Jorge Carvalho, Secretário Regional de Educação, que se empenhou solidariamente connosco para que este prémio tivesse a abrangência e o brilho que me reconforta.
Ao meu Gabinete, pela dedicação com que ano após ano abraça este projeto e por todo o apoio que sempre me concedeu.
Por fim, uma palavra especial e pública à minha mulher, Carla Barreto, também ela professora, pessoa que esteve na origem deste Prémio.
Esta iniciativa, afirmo-o com gosto, deve-se a uma ideia e cuidado seus, pela qual lhe estou profundamente grato.
Muito obrigado a todos!