INTERVENÇÃO DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA POR OCASIÃO DA SESSÃO DE ENCERRAMENTO DO DIA DO EMPRESÁRIO, NO DIA 19 DE MAIO DE 2017
É sempre com grande satisfação que aqui estou, a responder ao honroso convite da Senhora Presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal, para convosco celebrar mais um Dia do Empresário Madeirense.
E, nesta ocasião, a primeira das minhas breves palavras não pode deixar de ir justamente para a ACIF – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira.
Associação com quase dois séculos de existência, que tanto tem contribuído para o desenvolvimento desta Região Autónoma.
Pelo papel liderante que, desde há tantos anos, vem assumindo no esforço de modernização do tecido empresarial regional.
Pela capacidade crítica de, com independência e rigor, fazer ouvir a voz e o sentir dos empresários em relação às opções de política económica tomadas pelos decisores públicos.
No estabelecer de parcerias com outras entidades, públicas e privadas, abrindo aos empresários madeirenses novas oportunidades e horizontes.
E pela enorme dinâmica que lhe permite renovar-se e reorientar-se para o futuro, juntando anualmente nesta sala a maioria dos seus 800 associados e o contributo de convidados prestigiados, nesta celebração do Dia do Empresário Madeirense que é sempre uma data fundamental para todos os agentes económicos da Madeira e Porto Santo.
Celebrar o empresário, em especial o empresário madeirense, nos dias incertos que correm, é falar de dificuldades e constrangimentos, mas também de desafios e oportunidades.
E é importante, quando falamos nas circunstâncias difíceis dos empresários madeirenses, lembrarmo-nos do ponto de “quase nada” a partir do qual as gerações anteriores tiveram de fazer o seu caminho.
Hoje o panorama é francamente mais animador.
Com efeito, hoje têm nesta Região a sua sede muitas das empresas nacionais de referência nas mais diversas áreas da atividade económica: desde a indústria hoteleira à programação de software, da gestão portuária à produção vitivinícola de excelência, da inovação na animação turística à produção piscícola em mar aberto, da construção de estruturas viárias complexas às plataformas de compras públicas.
São empresas que, a partir de um território mínimo, com escassa população e recursos naturais exíguos, conseguiram destacar o nome da nossa Terra no plano nacional e, tantas vezes, internacional, mesmo se enfrentando exigentes condições de concorrência.
E, se é certo que, para o desenvolvimento da nossa Região, foi fundamental o empenho dos poderes públicos, nomeadamente no esforço de modernização infra-estrutural, não menos importante se tem revelado o papel dos empresários madeirenses, que têm garantido a criação de postos de trabalho, a animação económica e a geração de riqueza, com todos os reflexos inerentes em termos de receita fiscal e aumento do emprego, fundamentais à qualidade de vida e à felicidade da nossa Comunidade.
O empresário madeirense tem uma relação única com o Mundo.
Numa Região cercada de mar, a quase mil quilómetros da próxima linha ferroviária, autoestrada ou porto continental, conta desde sempre com a insularidade como dificuldade adicional.
Mas, num mundo de concorrência cada vez mais global, tem sabido, com trabalho, superar a distância.
Porque as estradas e pontes do empresário madeirense são a sua dinâmica, a sua visão cosmopolita e a sua capacidade de sonhar.
E aqui é indispensável salientar o papel daqueles nossos conterrâneos que levaram o seu espírito empreendedor aos países da diáspora e desenvolvem a sua atividade empresarial no seio das comunidades que os acolheram.
Os exemplos de emigrantes madeirenses que são hoje comerciantes e industriais de sucesso um pouco por todo o Mundo, desde o Brasil à Venezuela, da África do Sul aos Estados Unidos, do Reino Unido ao Canadá, são muitos e nas mais diversas áreas.
É, por conseguinte, justíssima a homenagem que a ACIF hoje fez nesta cerimónia, distinguindo, entre outros empresários madeirenses de grande mérito, um nosso conterrâneo que, após uma vida de trabalho na diáspora, é hoje um industrial de grande prestígio.
Mas neste momento não basta reconhecer o mérito dos nossos empresários na diáspora, nem lhes agradecer terem engrandecido em terras longínquas o nome da Madeira.
É preciso manifestar solidariedade com os nossos conterrâneos que emigraram para Estados que atravessam momentos muito difíceis.
E ter a esperança que estes países consigam encontrar, no quadro das suas instituições, as respostas que garantam a fraternidade entre os membros da sua comunidade, onde se incluem os nossos concidadãos, os quais nunca serão parte do problema, mas poderão ser sempre parte da solução.
Neste dia do empresário madeirense, a ACIF propõe uma reflexão conjunta sobre o tema da evolução dos modelos de negócio.
É um olhar profundo e arriscado sobre os próprios fundamentos das empresas modernas.
Mas é uma reflexão necessária.
Porque, num mundo que se tornou mais pequeno, num tempo que se tornou mais rápido veloz, a atividade empresarial, já intrinsecamente dinâmica, acaba por entrar numa vertigem permanente de mudança para a qual todos os agentes económicos têm de estar preparados.
Os empresários têm, cada vez mais, de procurar antecipar o futuro, de tomar as decisões no tempo certo e de promover nas suas empresas as mudanças que lhes permitam sobreviver e progredir.
E estou seguro de que as contribuições que hoje aqui serão trazidas muito poderão ajudar os empresários madeirenses a continuar na linha da frente, apostando na inovação, no capital humano e no conhecimento.
Da minha parte, tenho por certo que, concluídos em larga medida os esforços públicos de construção das grandes infra-estruturas, cabe agora à iniciativa privada o papel motriz da economia madeirense.
E que esse caminho se fará investindo na modernização da oferta da indústria turística, na inevitável internacionalização das nossas empresas, e na diversificação das atividades económicas.
No Turismo, o inegável sucesso dos números dos últimos anos parece validar como ajustado o rumo traçado.
Para a internacionalização da economia, terá decerto contribuição fundamental o reforço dos programas públicos de apoio, bem como instituições em crescimento como o Registo Internacional de Navios e o Centro internacional de Negócios.
O Registo Internacional de Navios que, não obstante a persistência de alguns constrangimentos burocráticos que será necessário rever, constitui já hoje o Registo com maior crescimento no espaço da União Europeia, e que vem permitindo aumentar a projeção internacional da Região como destino de “shipping”.
Em relação ao Centro Internacional de Negócios, trata-se de uma instituição que dá garantias de transparência, colaboração e rigoroso controlo, com um papel fundamental na geração de receitas fiscais e criação de emprego nesta região ultraperiférica, e que, como tal, urge defender.
Finalmente, penso que a aposta na diversificação das atividades económicas será a melhor defesa contra as mudanças do futuro que, qual vento que sopra, ninguém poderá deter ou condicionar.
Num mundo global, onde “start up’s” de garagem se transformam em unicórnios da noite para o dia, e gigantes empresariais de décadas desaparecem quase sem pré-aviso, a melhor defesa das empresas é a capacidade de mudar e reagir ao mercado.
Temos hoje inúmeros exemplos da procura de novos caminhos, que permitirão no futuro, estou certo, reforçar a sustentabilidade do nosso tecido empresarial.
Mas sempre com um referencial comum: que o melhor que podemos oferecer ao Mundo é a nossa autenticidade, a nossa identidade e a nossa cultura.
É este o meu voto sincero.
Termino renovando os meus parabéns à ACIF, nas pessoas do Presidente da Assembleia-Geral, Sr. Dr. Luigi Valle e da Presidente da Direção, Sra. Dra. Maria Cristina Pedra Costa, por mais esta exemplar organização.
E a todos os empresários madeirenses agradeço e desejo os maiores sucessos futuros.
Porque, sabemo-lo bem, o vosso sucesso será o sucesso desta Região.
Muito obrigado.