Intervenção na cerimónia de imposição da condecoração do estandarte nacional do Regimento de Guarnição nº3

INTERVENÇÃO DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA POR OCASIÃO DA CERIMÓNIA DE IMPOSIÇÃO DA CONDECORAÇÃO NO ESTANDARTE NACIONAL DO REGIMENTO DE GUARNIÇÃO Nº3, NO DIA 17 DE MARÇO DE 2017 

 Condecoração Estandarte Nacional RG34_site

Permitam-me que comece por dizer o quanto honrado me sinto pelo convite que Vossa Excelência, Senhor Chefe de Estado-maior do Exército, me dirigiu para proceder à imposição, no Estandarte Nacional do Regimento da Guarnição, da condecoração de Membro Honorário da Ordem de Mérito, tão justamente atribuída por S. Exa. o Presidente da República na cerimónia do passado dia 1 de Dezembro.

Trata-se de uma cerimónia onde me encontro com particular alegria e, como madeirense que sou, com um sentimento de enorme gratidão.

Porque efetivamente esta condecoração, que hoje simbolicamente vai ser colocada no estandarte deste Regimento, significa uma distinção única.

Única porque, pela primeira vez, uma unidade militar desta Região Autónoma, recebe distinção de tal relevância de um Chefe de Estado.

Única porque a missão patriótica que desta maneira se distingue não é o poder das armas que defende o interesse da Pátria, nem a disciplina que garante o Estado de Direito democrático.

É, sim, a força militar ao serviço da solidariedade social que estende a mão à comunidade, ajudando os mais fracos e vulneráveis em momentos de tragédia.

E essa é também uma forma nobre da Instituição militar cumprir a sua Missão patriótica.

Minhas senhoras e meus senhores,

Será de todo desnecessário lembrar os factos que estiveram na origem direta desta condecoração.

Temos presentes as imagens e os sons do medonho incêndio de agosto passado.

Lembramos a forma como as Forças Armadas, as forças de segurança e os bombeiros, tudo fizeram, tantas vezes com risco da integridade física das suas mulheres e homens, para combater o fogo e salvar vidas e bens.

E todos recordamos a forma como foram acolhidas, tranquilizadas, tratadas e alimentadas tantas centenas de pessoas que neste Regimento procuraram abrigo.

Pessoas que, traumatizadas e frágeis, aqui encontraram forças para superar a desgraça: doentes vindos de estabelecimentos de saúde e idosos de instituições de acolhimento que foram tratados, crianças que brincaram e foram acarinhadas, famílias inteiras que deram daqui os primeiros passos para retomar as suas vidas, até turistas que, neste Regimento, continuaram a beneficiar da hospitalidade desta ilha.

Mas lembramos também outras datas em que o RG3 e os seus militares disseram presente.

No terrível dia 20 de Fevereiro de 2010, aquando do devastador aluvião, foi no RG3 que centenas e centenas de populares encontraram um porto de abrigo seguro, nele permanecendo até à reposição das condições mínimas de vida e segurança.

E nos dias seguintes à aluvião, quando partiram deste Regimento os únicos veículos que conseguiam chegar com ajuda e bens de primeira necessidade a tantos lugares da ilha isolados pela tragédia.

Como também relevantíssima foi a ação dos homens e mulheres do Exército no apoio às populações no nevão de março de 2011, nos incêndios de julho de 2012, ou nos temporais que em 2012 atingiram os concelhos do Porto Moniz e de São Vicente, e em dezembro de 2013 a freguesia do Porto da Cruz.

Em todas estas situações, demonstrou o RG3 uma enorme determinação e coragem para cumprir com brilho a sua missão de guardião da nossa comunidade.

E tornou-se credor, junto da população madeirense, de enorme confiança e apreço, aumentados e reforçados ao longo dos anos.

Minhas senhoras e meus senhores,

Se, aos seus méritos de ação solidária, somarmos a inquestionável importância na defesa das ilhas que os seus antecessores tiveram, praticamente desde o povoamento, tem este Regimento de Guarnição muito do que se orgulhar.

Mas, como fez questão de destacar o Presidente da República no passado dia 1 de dezembro, “É importante celebrar o passado; mas este Regimento é sobretudo uma Instituição de presente e de futuro”.

E todos temos a certeza de que o espírito de missão do RG3 e os laços com a comunidade que serve hão de perdurar ao longo dos tempos.

Em benefício dos madeirenses e dos porto-santenses, e de Portugal.

Permitam-me pois terminar agradecendo - nas pessoas do anterior Comandante, Coronel Pereira Nunes, e do atual comandante, Coronel Paulo Guedes Vaz - a cada um dos homens e mulheres que prestam serviço no Regimento de Guarnição Nº3.

Foram e são todos heróis.

Porque herói não é só quem morre pela Pátria; é também herói quem salva pela Pátria.

Viva o RG3!

Viva a Região Autónoma da Madeira!

Viva Portugal!