Brinde a Sua Eminência o Cardeal Fernando Filoni, por ocasião na sua presença nas comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal
Sua Eminência, Cardeal Fernando Filoni,
Excelência Reverendíssima, Senhor Núncio Apostólico D. Rino Passigato,
Excelências Reverendíssimas, Senhores Arcebispos e Bispos que se associam a estas históricas comemorações:
Sede bem - vindos à Região Autónoma da Madeira; é uma honra e um privilégio, para a minha mulher e para mim, receber-vos, especialmente na oportunidade singular em que se evoca o quinto centenário da criação da Diocese do Funchal.
Sua Eminência,
Permito-me saudar-vos como enviado do Papa Francisco, chefe de uma Igreja atenta aos sinais dos tempos e interventora nas questões que afligem o Mundo.
Como poderemos ficar indiferentes perante um Papa que não tem medo de levantar o facho da paz entre os Homens, nestes tempos de chumbo, de intervir pessoalmente no sentido da reconciliação entre povos há muito desavindos e pronto a remeter-nos para um tempo novo, atento, por exemplo, ao conceito evolutivo da família e preocupado a este respeito com o conhecimento da realidade concreta e do modo como as pessoas realmente vivem e querem viver.
Eminência, estamos gratos por nos dar a possibilidade de recobrar convosco forças e viver o espírito do tempo como tempo do espírito.
A Região e a República não esquecerão o significado da vossa presença entre nós, como não deixarão cair esse momento inultrapassável que foi a visita de João Paulo II.
Excelências:
A história é um repositório de saberes e de experiências.
Vale por si e enquanto nos ajuda a compreender o presente e a perspetivar o futuro.
O que nos congrega, neste momento, é o propósito de evocar aquela que foi já a maior diocese do mundo, em razão da sua jurisdição sobre os territórios descobertos e a descobrir pelo Reino de Portugal.
Foi nesta terra que despontou a aventura extraordinária da descoberta ou do achamento de novos mundos.
Foi também nela que o fermento levedou e o sentido de universalidade transformou a medida e o espaço iniciais.
Nas celebrações deste ano do Dia da Paz, o Papa Francisco lembrou as palavras do Papa Bento XVI sobre a globalização: a mundialização torna-nos próximos mas não nos torna irmãos.
Numa época de crises e desencantos propícios à proliferação de culturas profanas, o apelo à retoma das economias ilude, por vezes, a questão essencial que reside na reposição de valores.
Voltar à época fundacional é, assim, procurar forças para enfrentarmos os desafios do presente e perspetivar o futuro.
Compreenda-se, por isto, a fundada esperança que deposito nestas comemorações e no próximo Congresso em setembro como elementos decisivos para essa tarefa que a todos compromete.
Gostaria também de saudar os representantes de outras confissões religiosas, reconhecendo que nestes tempos de relativização de valores, o ecumenismo pode ser um veículo para novas formas de os solidificar, uma base para novos entendimentos civilizacionais.
A vossa presença significa que o Estado se interessa e reconhece o contributo de todos os que, em nome de Deus, se empenham ao serviço dos outros.
Com efeito, a laicidade do Estado não pode significar desatenção aos valores e insensibilidade à espiritualidade que interpela cada um sobre o sentido da vida.
Eminência:
Permita-me ainda uma última palavra para me referir ao maestro de uma vasta e generosa equipa que dá brilho a estas comemorações.
Neste momento de júbilo, quero, pois, renovar os meus cumprimentos ao Senhor D. António Carrilho, bispo dedicado intensamente à sua vocação pastoral, mas sem nunca esquecer a ligação efetiva e afetiva ao seu povo, colocando a Diocese a desempenhar um papel central e estruturante na Região.
Em Vossa excelência Reverendíssima, depositamos a esperança próxima, com a qual o Papa Francisco nos convida a uma renovada reflexão sobre as virtudes teologais: a fé, a esperança, e a caridade.
Permitam-me que, nestes dias em que tudo parece bascular perante a ausência de soluções e o desprezo da pessoa e da sua dignidade, coloque o acento tónico da vossa ação na caridade, no amor ao próximo.
A caridade é a base identitária do indivíduo e da comunidade.
Diria que existe uma zona de coincidência entre a caridade como virtude teologal e como virtude cívica.
A caridade também se realiza na ética política e na equidade da justiça.
Aliás, a verdadeira democracia depende, como escreveu John Rawls, da existência de instituições justas.
Enfim, estou igualmente certo que esta evocação representa também um momento de reencontro, de apelo às consciências e de esperança para todos os madeirenses.
Senhor Presidente da Assembleia Legislativa,
Senhor Presidente do Governo Regional,
Senhora e Senhor Secretários Regionais,
Senhora Juíza Conselheira,
Senhor Presidente da Camara Municipal do Funchal,
Senhor General Comandante Operacional e da Zona Militar da Madeira,
Magnífico Reitor,
Minhas Senhores e Meus Senhores:
Proponho, por tudo isto, que brindemos a sua Eminência o Cardeal Fernando Filoni, a todos Altos Dignitários da Igreja Católica e das outras confissões e à nossa querida Diocese do Funchal!
Funchal, 14 de junho de 2014