Cerimónia de homenagem das comunidades

Mensagem proferida por Sua Excelência o Representante da República a 10 de junho, na Av. Do Mar e das Comunidadades, na cerimónia de homenagem às comunidades portuguesas

 

          Comemoramos hoje o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

          Seguindo o exemplo de anos anteriores, iniciamos as comemorações do dia 10 de junho através da simbólica deposição de flores no monumento ao emigrante madeirense.

          Pretendo, desta forma, reafirmar que a nossa comunidade expatriada não está ‑ nem nunca estará – esquecida.

          Não se trata de uma comunidade diminuta de pessoas.

Na verdade, o número de madeirenses residentes fora da Região é cerca de quatro vezes superior dos que cá vivem.

          Os nossos emigrantes representam, pelo seu exemplo nos respetivos países de acolhimento, uma verdadeira embaixada da nossa Região e do nosso País, pelo que a manutenção de laços com a terra de origem deve ser tida como uma tarefa imprescindível para o bem de todos.

          Minhas senhoras e meus senhores:

          No momento em que o país atravessa uma séria crise económica assistimos à emigração forçada de alguns, em particular de pessoas mais jovens com bastantes qualificações.

          Se, em alguns casos, essa emigração é voluntária, sendo feita na expectativa de um regresso futuro, noutros casos a emigração é determinada pela ausência de perspetivas no nosso país.

          Esta última realidade entristece-me.

          A emigração deve representar um ato voluntário e não um ato forçado.

          É nossa obrigação, por isso, criar todas as condições – nomeadamente económicas - que permitam o regresso daqueles que se viram forçados a emigrar.

          Mas devemos igualmente empenhar‑nos por, no nosso país, tornar o ónus da emigração mais leve, menorizando a saudade sentida pelos nossos emigrantes.

          Como?, podemo‑nos questionar.

Desde logo, através da intervenção do Estado.

Refiro-me, por exemplo, ao papel essencial que a RTP/Internacional desempenha, como elo de ligação diário com a comunidade portuguesa expatriada.

O serviço prestado pela RTP/Internacional representa um elo de ligação afetivo que importa manter e reforçar.

Nesse sentido, a existência de um Centro Regional da RTP na nossa Região, produzindo informação e conteúdos que traduzam a nossa realidade social, económica e cultural, e que possam ser levados através da RTP Internacional aos diversos cantos do Mundo, é fundamental, diria, decisivo, se se quiser, como é nosso dever, manter vivos os laços que nos unem aos nossos conterrâneos.

E digo-vos que sei, por experiência própria, da importância de uma simples notícia como lenitivo para a saudade que atormenta quem está longe!

Por outro lado, o Estado, juntamente com a sociedade civil, pode mobilizar‑se para a criação de redes de contacto entre emigrantes.

Conhecemos exemplos bem-sucedidos destas redes de contacto, criadas a nível nacional – como sucedeu com o Conselho da Diáspora Portuguesa, gerado através do apoio do Senhor Presidente da República – ou pela nossa diáspora ‑ como a rede The Star Tracker, que nasceu por iniciativa de um conjunto de jovens emigrantes empreendedores.

Também a nível regional existem exemplos louváveis que procuram estimular a aproximação dos nossos emigrantes, como acontece com o “Centro das Comunidades Madeirenses”, que inclusivamente permite, através da internet, aceder a imagens em tempo real de diversas partes da nossa Região.

São exemplos como este que entendo louvar e que devem ser replicados por forma a aproximar, ainda mais, a nossa diáspora da realidade regional, reforçando estas redes de afinidade e afirmando‑as igualmente como lugares de partilha de interesses, pessoais e profissionais, comuns.

O desenvolvimento de redes de contacto servirá não só para manter a ligação afetiva da comunidade emigrante com a nossa Região como também para abrir as portas ao investimento estrangeiro ou até permitir o regresso de emigrantes com o conhecimento, experiência e valores adquiridos no exterior que representarão, sempre, uma mais‑valia para o nosso país.

          Numa altura de reorganização dos serviços consulares, pergunto-me ainda se não seria de ponderar a criação de uma “loja do cidadão” específica, acessível através da internet, que permita dar resposta às necessidades dos Portugueses espalhados pelo Mundo.

          Tudo isto deve ser desenhado por forma a permitir a integração quotidiana da nossa comunidade emigrante na realidade regional e nacional o que, com os avanços tecnológicos registados, se nos afigura cada vez mais realizável.

Espero pois que este dia sirva para reforçar essa aproximação, homenageando assim os emigrantes da Região e de Portugal.

Bem-haja a nossa comunidade emigrante!

          Muito obrigado a todos!