Mensagem proferida por Sua Excelência o Representante da República para a RAM, no dia 10 de junho, Av. do Mar e das Comunidades, na cerimónia de de homenagem das comunidades.
Comemoramos hoje o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Iniciamos as comemorações deste dia por esta singela homenagem à emigração portuguesa e madeirense simbolizada na deposição de flores no monumento ao emigrante madeirense.
Recordamos assim aqueles que, sendo portugueses, deixaram a sua Pátria buscando noutros horizontes a realização das suas vidas, sem nunca esquecerem o lugar que os viu nascer.
Para todos eles vai a expressão da nossa gratidão, do nosso respeito e da nossa saudade.
Minhas Senhoras e meus Senhores:
Vivemos novos tempos recheados de incertezas.
Tempos de dificuldades e de crise que forçaram muitos – mais ou menos novos – a abandonar o lar, a família e o país, em busca de um futuro melhor.
Muitos referem‑se a estes emigrantes como representando uma nova Diáspora constituída igualmente por jovens com especiais qualificações, ao contrário do que sucedia no passado.
São jovens em quem o país apostou e investiu – habilitando‑os com especiais qualificações – mas que tiveram de partir, porque não encontraram aqui espaço para desenvolverem as suas aptidões.
Permito-me dirigir uma palavra, palavra apesar de tudo de esperança, a estes novos emigrantes.
Peço-lhes que não desistam do vosso país, que não percam os vossos laços e o desejo de voltar!
Saibam que depois de períodos de crise e tempestade sucedem-se períodos de crescimento e bonança.
Acreditem que os que cá ficam tudo farão para criar condições que permitam, caso o desejem, o vosso regresso à pátria-mãe.
Nós temos essa obrigação porque o País não pode enjeitar o seu potencial se quiser crescer; com efeito, não nos podemos resignar perante a partida de jovens em quem tudo investimos e que, por falta de oportunidades, nos deixam no apogeu do desenvolvimento das suas capacidades humanas e profissionais, em benefício de outros povos.
Estas minhas palavras devem ser entendidas como dirigidas igualmente a todo o universo de emigrantes.
Digo‑lhes que o país vos vê com orgulho sabendo que temos a especial obrigação de criar e manter condições que permitam o regresso caso pretendam exercer essa opção.
Gostaria, neste contexto, de vos revelar uma outra preocupação sobre a qual tenho reflectido nos tempos recentes.
Os emigrantes são cidadãos nacionais devendo, por conseguinte, gozar a plenitude dos direitos concedidos aos que cá residem.
Interrogo-me se, como sucede nas eleições para a Assembleia da República, não seria de ponderar a hipótese de atribuir aos emigrantes nascidos nas Regiões Autónomas o direito de votarem nas eleições para as Assembleias Legislativas.
Poderíamos, dessa forma, homenagear a diáspora fazendo sentir àqueles que, por obrigação ou opção, residem no estrangeiro, que também devem participar nas decisões sobre o futuro da Região.
Ao assim proceder, estaríamos no fundo a retribuir o sentimento de patriotismo e de amor à nossa terra evidenciado pelas formas mais variadas.
A todos os que se associaram a esta homenagem e que, de uma forma ou de outra, para ela deram o seu contributo, o meu agradecimento sincero.
A todos o meu muito obrigado!